sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Para que serve a ideologia?



U
m pé no asfalto e um pé na lama. Assim vai andando o Brasil. O terreno físico é grande: muitas culturas, religiões, vivencias e opiniões que fazem do Brasil um país tão rico de ideias e contradições.

Estamos diante do ideal ou da ideologia?

São muitos os assuntos do momento, entre eles a pedofilia, a presidência, as eleições e a religião. Não me parece um caminho seguro discutir ideais principalmente com relação a estes temas e com pessoas de opinião contrária.

Afinal, as ideias não são o pilar de sustentação da nossa cultura. Ou serão os ideais que regem os costumes? Serão os ideais que regem a tradição? Esse por si só já é um assunto controverso. Mas pensemos: cultura nasce primeiro nas nossas famílias: "minha mãe fazia assim...", "meu pai costumava me levar nesse lugar", "lembro de quando nós nos reuníamos no Natal ...". Isso é a nossa cultura de berço. A mais importante e duradoura. É impossível "virar a chave" sem entrar em colapso com nossa própria cultura. Daí tantas brigas. Falamos o que queríamos que fosse verdade, mas na realidade sabemos que há um abismo do que queremos para o que vemos e sentimos. Talvez daí tenha surgido essa 'explosão' de ideologias: na vontade de cada um querer mudar à sua volta a realidade que não aceita.

Até aí tudo bem. Afinal, todos querem o progresso, a modernidade e a mudança!

Mas aí vêm as perguntas: é progresso ou Progressismo? é modernidade ou Liberalismo? é mudança ou a negação da Tradição? Daí que surgem as discussões ideológicas que no geral não ajudaram, ajudam nem ajudarão ninguém. Faz diferença se eu quero seguir minha religião e o outro não? Faz diferença se eu quero ser heterossexual e o outro não? Faz diferença se gosto de azul e o outro de vermelho?
Não deveria fazer a menor diferença. O problema é que não conseguimos só ser diferentes um do outro. Precisamos convencer o outro com nossas ideias. Daí surgem as brigas.

Não me parece ser saudável forçar nada. Muitas pessoas por não concordarem com seus pais, querem o oposto pra si mesmas. É um revolta contra aquilo que aprenderam. É uma revolta contra sua própria cultura na maioria das vezes. É claro que existes culturas ruins: se uma mãe apanhar do seu pai, é claro que não posso dar continuidade a esse tipo de cultura pois não deve ser nada bom apanhar. Se eu vi um homossexual ser expulso da sua casa é claro que não deve ter sido nada bom pra ele. E assim vai. Algumas culturas precisam ser adaptadas e outras abolidas. Mas forçar o outro ou "enganá-lo" com algo que queremos é que me parece o errado. Daí surgem o desrespeito ao que o outro pensa, o desrespeito ao que o outro viveu, e o desrespeito ao que o outro considera importante para ele.

Quando ouvimos falar de uma ideologia já sabemos que todos esses desrespeitos estão incluídos, sejam eles camuflados ou não. Afinal, se fosse só a minha ou a sua opinião não seria necessário seguir não é mesmo? Mas a ideologia tem a pretensão se influenciar ou convencer as pessoas daquilo que achamos o certo e muitas vezes o fazem na violência.

Bater em um ser humano seja ele homem, mulher, negro ou branco será sempre errado, correto? Mas desrespeitar sua cultura e tradição parece correto também? É claro que não! Toda forma de desrespeito é uma agressão que apesar de não ser física pode provocar muitos danos psicológicos. Não irá mudar o ser humano no seu caráter, mas irá gerar confusão e revoltas psíquicas que ninguém sabe onde pode chegar a não ser o próprio indivíduo optando por não dar ouvidos ao desrespeito que  hoje o cerca.

Minha absoluta convicção é que possamos viver nossas vidas na Paz e no amor sem no entanto obrigar o outro a nos seguir. A liberdade herdada pelo "Livre Arbítrio" é por onde todos deveriam se guiar. Não confundir com o permissivismo, pois este pode agredir o seu próximo. Só se é livre deixando que o outro seja livre. Isso às vezes é tão doloroso para nosso psicológico quanto amputar uma perna sem anestesia. Mas acredito que esta seja a grande mudança que precisamos passar. Muitas vezes (se não sempre) faremos uma reflexão que nos deixará arrependidos de tantas posturas retrógradas que ainda temos quanto à liberdade do outro, mas que em geral nos ajudará a nos manter livres também. Mas atenção: não convencer ninguém a seguir a sua liberdade pois cada um deve encontrar na sua própria natureza a forma de se sentir livre. Se for para convencermos, estamos de novo agindo sem dar a liberdade ao outro.


Por isso, podemos dizer sem medo de errar que:
A ideologia é o contrário da liberdade! 


Pra terminar, deixo aqui a leitura de um excelente texto de autoria de nada mais nada menos que "Antoine de Saint-Exupéry" .


Vamos ser livres de novo?

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