sábado, 30 de junho de 2012

Aos cantores cristãos

Carta aos Cantores, Bandas e Ministérios de Música Cristãs 




Os cantores e bandas Cristãs estão ficando bem repetitivos.
Eis algumas das práticas que são óbvias e portanto deve ser evitadas:

1. Chamar para participação especial cantores já consagrados pelo público
Se pensar bem, isso contribui para uma certa "panelinha" entre os cantores, pois nem todos que estão começando terão a oportunidade de chamar pessoas conhecidas para gravar seus CDs. Quando escuto um novo CD já sei se o cantor faz parte de alguma "panelinha" dependendo de quem esteja fazendo participação especial. Se os cantores cristãos querem ser vistos como evangelizadores ao invés de artistas, devem fazer sua parte evitando esse tipo de "apelação".



2. Rítimos Lentos
Essa prática pode ser usada em músicas mais contemplativas, mas está se tornando um padrão nos CDs como se fosse a única forma bonita de criar a harmonia da música. Você pode louvar a Deus utilizando outros rítimos e até variá-los durante a música, mas existem certos rítimos lentos que já estão muito padronizados e cansativos como aquele padrão de "solinho" de guitarra seguido de uma voz bem suave tentando dar uma certa misericórdia à música.



3. Letras que falam de Deus e Louvor, mas de forma genérica, sem um tema específico, ou algo realmente vivido. 
Estou fazendo, a bem pouco tempo ainda, um levantamento por música, tentando extrair temas das músicas cristãs para que possam ser usados em retiros, grupos de oração, missas, etc. Mas muitas músicas além de não possuírem tema específico ainda misturam temas, como por exemplo Eucaristia, Restauração, Acolhimento, Fé, etc. É claro que por Deus ser um só todos esses temas se relacionam, mas quando nos propomos a evangelizar pela música, esta deve tratar de um tema específico para que a pessoa que a escuta possa compreender melhor o sentido das palavras e aplicá-las de verdade no seu coração.



4. Voz suave e um grande "Amem" ou "Glória a Deus" ao final.
Me desculpem os que gostam de palavras repetitivas, mas é um negócio bem chato ficar escutando aquele "Amem" evangélico ao final das músicas que nada mais representa, sendo que as pessoas se limitam a automaticamente responder "Ameeeeeem".



5. Backvocals gemendo.
É exatamente isso! Estão usando os Back Vocals para gemer nas músicas. O sentido do back vocal, como o próprio nome sugere, é fazer a voz "por trás", não ficar gemendo. Back vocal são pra cantar. Escute de novo "California Dreaming" para entender o sentido de um back vocal.
  

Se você concorda comigo, seguem algumas sugestões pra você:

Falta cantar o que se vive e viver o que se canta. Não precisam ser palavras bonitas. Nossa vida tem problemas, e cantar os problemas vividos faz parte da música. Um simples "Tenha Fé", "Deus é Amor", "Gloria a Deus" são palavras que já pouco significam na prática. São muito automáticas e usadas e por isso não produzem muito efeito de evangelização.

Um evagelizador pela Música deve se superar nas maneiras de evangelizar. Veja como Paulo chegou a comparar o nosso Deus com o "deus desconhecido" dos Gregos apenas para tentar mostrar-lhes o Verdadeiro Deus. Era um profeta que utilizava de ferramentas não convencionais para chegar nos corações. Está faltando isso no ministério de Música Cristã: CRIATIVIDADE e CORAGEM!
 

Os temas devem ser muito mais "trabalhados" no sentido da espiritualidade. Fala-se muito de amar a Deus, ter Fortaleza diante dos problemas, Fé, etc, mas sem tocar na "ferida". É como se estivesse falando sempre de forma genérica e simbólica. Isso não chega ao coração das pessoas como deveria, e muitos apenas escutam música como um mantra ou como forma se sentirem pena de si mesmas...  

A letra da música deve ser algo vivido pelo cantor, mesmo que não tenha sido este a escrevê-la, é preciso mais que interpretar, é preciso acreditar no que se canta e viver de FORMA CONCRETA O QUE SE CANTA. De que me adianta cantar "MEU DEUS É O SENHOR" e não
viver de acordo como Deus pede, ou seja, com humildade, amor e serviço ao próximo?


Intimidade com Deus! Talvez este seja o ponto mais importante. O Cantor deve ser íntimo de Deus no sentido de acolhê-lo no seu coração. Posso interpretar muito bem uma música como se estivesse sofrendo ou falando diretamente com Deus, mas se não tenho intimidade com Ele estou sendo apenas um bom ator/atriz.... Ter intimidade com Deus é estar em constante oração. Oração não é ficar de joelhos rezando o terço. É muito mais que isso: é ser centrado nas necessidades das pessoas à nossa volta, ter humildade para reconhecer seus erros, ter amor a si próprio, pois não se pode amar ninguém sem nos amarmos antes, é ter coragem de denunciar ou se opor a determinados conceitos e culturas se forem nocivos às pessoas. Um exemplo: O pe. da minha paróquia não quer que toquemos todas as músicas na missa. Perfeito! Vamos acatar ou perguntar porque e entender suas razões e fazer com que o ele entenda as nossas também? Se eu creio que a música ajuda as pessoas a terem contato com Deus na missa, não posso me esquivar e "abaixar" a cabeça nessas situações, independente de quem for. Lembre-se sempre que antes do padre, a sua obediência é em primeiro lugar ao Deus que no seu coração mora!


Para terminar, posso resumir todas esta palavras em um só frase: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." (São Mateus 7,21)

Bons cânticos de evangelização meu amigo(a)!


"Deus não é um pai qualquer, Ele é O PAI!"